segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Os sete vales

Dando continuidade a respeito do que se trata a nossa Revoada, explicamos aqui cada etapa pela qual essa conferência passa. São sete, e cada uma é necessária para que se chegue ao encontro do tão esperado Rei:

Vale da Procura
Neste vale, os homens-pássaros se reúnem para alçar o primeiro voo. Aqui se dá a revoada inicial com intuito de encontrar no interior a sua história, seus conflitos, seus questionamentos, suas buscas. É o momento de descobrir-se, é busca pelo eu, quem sou, o que faço e é também o lugar de encontros para os próximo voos. Com quem podem compartilhar os seus anseios? É um momento de descobertas. Um vale que exige paciência, confiança e persistência.

Vale do Amor
Os ventos sopram, e neste vale os homens-pássaros voam conforme a intensidade do bater das asas, ora pairam sobre o tempo (é o sublime), ora se faz necessário ter alguns impulsos para mudar as direções e os sentidos. É o momento de contemplar na figura do outro o que o que transcende o olhar, ou seja, é a beleza do desnudamento. 
“Aqui o fogo ardente é amor e o amor é ardente fogo”.

Vale do Desapego
“É aqui que toda a curiosidade e todos os desejos desaparecem”. É aqui que tudo é revelado, traduzido e marcado. É aqui onde os pensamentos se calam...
O vale do desapego requer uma travessia dolorosa. Ao passar por ele, algo em você é rompido, desmascarado. Corpo e voz se desencontram e o seu horizonte se desfaz; tudo aqui deve ser deixado, pois é necessário se desfazer do que lhe consome, do que lhe impede de passar por ele. Não é fácil se desapegar, é mais fácil recuar, esquecer, esconder. Aquele que por aqui passar, precisará romper laços.
O desapego exige de você uma restauração, e você ganha de presente da vida uma chance, uma chance para voar.

Vale da Compreensão
O que perguntar ao Oráculo? Neste vale, compreender significa ter a liberdade de enfrentar a verdade. Querer não sabê-la é ferir o conhecimento, é o momento de expurgação. Aqui os homens-pássaros batem as suas asas em ritmo de luta, na qual a intenção é permitir que a sabedoria faça a revelação necessária, mesmo que ela seja dolorosa.   
“Aqui cada um escolhe um caminho diferente e regras diferentes para transgredir”.

Vale da Morte
Neste vale, os homens-pássaros são convidados a enterrar o que os machuca, o que lhe impede de continuar a jornada em busca do rei. Os conflitos são acentuados e é dada a esses seres a oportunidade de continuar o voo. Assim a história de cada um vai sendo ressignificada. A morte é necessária, é o reviver para um novo voo.    
“Aqui nada se vê. Aqui nada se sente. Aqui nada existe”.

Vale da Unidade
É um vale que transgride a harmonia dos homens-pássaros. É um estado de pacificação única, onde todos partilham os mesmos prazeres. Aqui, todos se conectam e conspiram a favor do outro, forte o bastante para que a união cause uma inspiração a quem vê. Uma união tão singular que aos poucos se transforma em canto solene e imortal.
“Uma 'corda' é amarrada no pescoço de cada um que entra aqui”.

Vale do Deslumbramento
É o último dos primeiros. É o vale do acordar para acreditar. Nele, tudo é esvaziado... Por ser o “lugar da dor constante e do grande espanto”, aos poucos os olhos da alma vão se abrindo, deixando um deslumbre invadir o seu universo, pois tudo lhe permeia e lhe sustenta quando chega a hora de voar. 

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